quarta-feira, 2 de maio de 2007

Mentiras

A meu ver existem apenas quatro tipos de mentiras. Existem as mentiras que precisamos que nos digam em determinados momentos, sobretudo naqueles que não nos sentimos muito bem, tais como, “isto é para o teu bem” ou “tá lindo”; existem as mentiras que nos dizemos a nós próprios para nos confortar e acalmar, mentiras do tipo “vai ficar tudo bem”, “passa rápido”. Depois existem as mentiras ditas piedosas, com intento de não magoar o próximo quando não queremos dizer abertamente que não, e vulgarmente dizemos “tenho coisas combinadas” ou “o meu pai não deixa”, qualquer coisa que seja. E por último existem as mentiras que não conseguimos evitar dizer. Acho que ninguém mente por querer, nem os chamados mentirosos compulsivos, mas apenas a realidade para eles seja demasiado crua. Há então os que mentem para moldar a sua vida ao seu gosto, mas também há os que o fazem simplesmente porque a verdade os assombra. A verdade torna-se então subjectiva, porque uma história tem sempre um pouco de quem a contou, torna-se parcial, e mesmo as coisas que vemos, encaramo-las de maneira diferente do resto das pessoas todas. Em última análise a mentira é então parte integrante da verdade e da vida na medida em que é a sombra dos factos. Ou seja, ninguém é totalmente verdadeiro. Podem ser honestos, ser sinceros, mas desde que tenham personalidade não são verdadeiros. Mas essas mentiras ninguém as comunga, porque são tão banais, já nos estão de tal forma intrínsecas que nós deixamos de as catalogar como mentiras. E então, a partir de que ponto é que uma mentira, é mesmo uma mentira? Alguém sabe? Alguém? Também me pareceu.

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