segunda-feira, 4 de junho de 2007

Relação

Um dos problemas da nossa atitude desmistificadora, atenta contra toda a tradição cultural baseada em que com o casamento se resolve tudo. Todas as histórias de amor terminam com um final feliz. Tal como se julga que os filhos resolvem os problemas de afecto do casal, quando na realidade, com a vinda destes, surgem novos problemas, e muitas vezes os anteriores agravam.
O casal é um caminho novo, um desafio. Com ele tudo começa, excepto uma coisa: a fantasia de uma vida ideal sem problemas. É duro ter de deixar de lado as nossas fantasias sobre o que poderia ser. Normalmente, quando se dá conta que não é assim, começa a “odiar-se o culpado”. O que se deve esperar do outro é um companheiro no nosso caminho, na vida, alguém que dê alento e que por sua vez receba alento com a nossa presença. Mas, sobretudo, alguém que não interfira no nosso caminho de vida.
O pior das crenças é que se supõe que buscamos a nossa outra metade. Porque não tentarmos encontrar alguém inteiro em vez de nos conformarmos com alguém partido pela metade? O amor constrói-se entre seres inteiros que se encontram, não entre duas metades que precisam uma da outra para se sentir completas. Quando precisamos do outro para subsistir, a relação torna-se dependente. E, na dependência, não se pode escolher. E sem escolha, não há liberdade. E sem liberdade não há amor verdadeiro. E sem amor verdadeiro, poderá até haver matrimónio, mas não haverá casal.

2 comentários:

Anónimo disse...

Genial!

Anónimo disse...

Espero que o teu amor seja verdadeiro, e que haja casal.