quinta-feira, 7 de junho de 2007

Quieta

As palavras que nos correm nos ouvidos magoam como se de agulhas se tratassem.Podem picar e fazer sangue enquanto nos corroem a vontade... Chega-te aqui mais perto, temos tempo, chega mais perto deixa que te toque... Vou olhar-te nos olhos, bem fundo, quero esses segredos, quero... Dá-me essa mão, quero tocar esses dedos frios e vazios, dá-me essa mão para colocar sobre a minha, dá-me... Estavas a dizer o quê? Desculpa mas não ouvi, está muito barulho aqui, o vazio não nos deixa acabar esta conversa em que tu só falas... Cala-te um pouco tu também, deixa-me falar agora, também tenho algo a dizer... Aqui que ninguém nos ouvem que ninguém sabe onde estamos, em que ninguém sabe que tempo é este, que queres tu de mim? Não olhes para o relógio, atrasei-o, por isso esquece, pois não vais chegar a tempo, se é que ainda te lembras do caminho de volta, eu não... Tens tabaco? Sim, acabei de fumar agora, mas apetece-me outro cigarro, o que queres que faça? De alguma forma havemos de morrer, hoje ou amanhã...mortos já nós estamos mas ainda não viste isso, ainda não percebeste, os teus olhos apenas olham para o teu umbigo...Estás assustada? Mas de que tens medo? Não me conheces? Parece que nunca me viste ali, ali naquele canto...Olha vem ai alguém, ouço passos, está à alguém à porta...
-O que estás a fazer? Falas sozinho outra vez?
-Não, cala-te e não me chateies...tens lume? Onde vamos hoje?

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